Após troca de mensagens, Bolsonaro faz pedido ousado, entenda

Na sexta-feira, 13 de junho, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou suas redes sociais pra fazer um apelo forte: quer que a delação premiada do seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, seja anulada. O motivo? Segundo uma reportagem divulgada pela revista Veja, Cid teria mentido em seu depoimento prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o que, pra Bolsonaro, já invalida tudo.

A confusão toda começou quando a Veja publicou uma matéria bombástica, revelando que Mauro Cid teria desrespeitado uma ordem direta do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que determinava que ele não se comunicasse com ninguém envolvido nas investigações. O problema é que, mesmo com essa restrição, parece que Cid manteve contato com pessoas próximas a Bolsonaro.

No depoimento que Cid deu ao STF na última segunda-feira (dia 9), ele afirmou que não teria usado redes sociais ou aplicativos de mensagens durante o período em que esteve sob medidas restritivas. Só que a Veja soltou capturas de tela de conversas em que ele aparece trocando mensagens com alguém do entorno do ex-presidente, usando um perfil com o nome “Gabriela R”.

Essas conversas sugerem que ele tava jogando dos dois lados: dizia uma coisa pro STF e outra completamente diferente pros aliados de Bolsonaro. Uma espécie de “jogo duplo”, como definiu a reportagem. Isso, claro, acendeu o alerta vermelho no meio político e jurídico, especialmente entre os aliados do ex-presidente.

Bolsonaro, ao se pronunciar sobre o caso, foi direto: “Essa delação deve ser anulada. Braga Netto e os demais devem ser libertos imediatamente. E esse processo político disfarçado de ação penal precisa ser interrompido antes que cause danos irreversíveis ao Estado de Direito em nosso país”, escreveu ele, num tom bem crítico, nas redes.

Pra quem não lembra, Braga Netto é um dos generais aliados de Bolsonaro que também virou alvo das investigações relacionadas aos atos do 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-presidente invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes, em Brasília. Desde então, uma série de investigações foram abertas, incluindo a que levou Cid a firmar um acordo de colaboração com a Justiça.

Esse episódio, que mistura política, justiça e até um certo clima de novela policial, vem ganhando destaque nos noticiários e dividindo opiniões pelo país. Alguns enxergam em Cid um traidor, que teria inventado versões diferentes pra se livrar de penas mais pesadas. Outros acreditam que ele tá contando o que sabe, mesmo que isso incomode muita gente.

O fato é que, num momento em que o Brasil já enfrenta tensão política constante, principalmente com as eleições municipais batendo na porta, qualquer novo capítulo nessa história mexe com o cenário nacional. A base bolsonarista continua mobilizada, e muitos veem nessa tentativa de anulação da delação uma estratégia pra enfraquecer os processos que se acumulam contra o ex-presidente e seus aliados.

Enquanto isso, o STF deve analisar os próximos passos com cautela. Se for comprovado que Mauro Cid mentiu ou omitiu informações relevantes, isso pode colocar em risco não só o acordo de delação, mas também outras ações baseadas nas informações que ele forneceu. E aí, tudo pode virar de ponta-cabeça.

No fim das contas, a novela tá longe de acabar. Cada novo vazamento, cada nova fala ou documento revelado, vira um novo episódio dessa trama que mistura poder, lealdade, e, claro, muita disputa pelo controle da narrativa.