Bolsonaro revela o verdadeiro motivo de não passar faixa a Lula

Na última terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi ouvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e, entre perguntas e respostas, acabou explicando um dos gestos mais simbólicos que faltaram na troca de governo: por que ele não passou a faixa presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva, eleito em 2022.

De forma direta e sem rodeios, Bolsonaro respondeu: “Não passei porque não ia me submeter a passar a faixa pra esse atual mandatário aí”. A declaração gerou mais uma rodada de polêmicas nas redes sociais, reacendendo debates antigos sobre o respeito às instituições e à democracia brasileira.

Vale lembrar que, logo após perder as eleições de 2022, Bolsonaro viajou para os Estados Unidos no dia 30 de dezembro — dois dias antes da posse oficial de Lula. Enquanto o país se preparava para o evento, com apoiadores do petista reunidos em Brasília, Bolsonaro já estava em solo norte-americano, onde passou um bom tempo meio que em “exílio voluntário”, longe das manchetes e das confusões de Brasília — pelo menos por um tempo.

O problema é que essa ausência não foi só simbólica. A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Bolsonaro de estar envolvido num suposto plano para impedir a posse de Lula. Segundo a denúncia, o ex-presidente teria participado da elaboração de uma tal “minuta do golpe” — um documento que, entre outras coisas, previa um estado de exceção no país, algo parecido com um decreto de emergência que daria base para uma intervenção autoritária.

Mas a coisa não para por aí. Outro ponto pesado da acusação é que Bolsonaro teria conhecimento, e até incentivado, o famigerado plano chamado “Punhal Verde Amarelo”. O nome soa quase como um filme de espionagem, mas o conteúdo é extremamente grave: esse plano, segundo a PGR, previa o assassinato de figuras centrais da República, incluindo Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes, que atualmente tem sido uma das vozes mais firmes contra os ataques à democracia.

É importante destacar que tudo isso ainda está em fase de investigação, com atualizações surgindo a todo momento. Mas o depoimento de Bolsonaro ao STF jogou mais luz sobre o que vinha sendo discutido nos bastidores há meses.

Muita gente se pergunta: será que ele realmente acreditava que tinha chance de reverter o resultado da eleição? Ou foi tudo uma jogada pra manter sua base mobilizada e colocar em xeque o governo que assumiria?

A verdade é que o Brasil ainda tenta se recompor dos efeitos daquela eleição tensa, marcada por polarização extrema, fake news rolando soltas nas redes, e uma desconfiança generalizada das instituições.

Por enquanto, Bolsonaro segue negando as acusações mais graves. Diz que não teve envolvimento com nenhum plano de golpe, que nunca incentivou qualquer tipo de violência e que apenas exerceu seu direito de contestar democraticamente o processo eleitoral. Mas os fatos e os documentos que vêm sendo revelados pintam um quadro mais sombrio — e o STF agora tenta montar esse quebra-cabeça com depoimentos, provas e, claro, muita pressão política envolvida.

Seja como for, o episódio da faixa — que pode parecer só um gesto — acabou se tornando um símbolo de algo maior. E talvez a história olhe pra esse momento como um dos mais tensos da nossa jovem democracia.