Tratamento psiquiátrico para suavizar noites mal dormidas, medicações antivirais para prevenir infecções transmissíveis e afastamento de sites de notícias: Esse tem sido o cotidiano da jovem que acusa Daniel Alves de estupro, de acordo a defesa da vítima, Ester García Lopez. Ela revela que Daniel não fez uso de preservativo na noite do suposto crime, em Barcelona, onde o atleta encontra-se recluso de forma provisória.
Em entrevista cedida ao portal UOL, Ester afirma, ainda que a jovem sente muito medo de ter sua identidade revelada e que não tem uma noite de sono completa desde a noite do ocorrido, em dezembro do ano passado. A íntegra da entrevista será publicada nesta próxima quinta-feira (26).
De acordo com a advogada, a jovem que acusa Daniel está fazendo um tratamento pesado com um coquetel de medicações antivirais, muito em função do jogador não ter utilizado camisinha.
“Ela está recebendo apoio psicológico por meio de uma entidade pública especializada em tratar vítimas de violência. O hospital prescreveu todo um tratamento dirigido a evitar qualquer tipo de doença infecto-contagiosa, porque não foi utilizado nenhum preservativo. Ela também tem um tratamento farmacológico com ansiolíticos para poder dormir, mas me disse que não consegue desde o depoimento”.
“Por sorte, ela saiu da discoteca de ambulância e foi direto para a Unidade Central de Agressão (UCAS). Então, diferentemente do que acontece com a maior parte das vítimas de abuso, que, por nojo, lavam suas roupas íntimas, ela não teve tempo de pensar nisso. Ela foi atendida rapidamente, enquanto os indícios permaneciam lá.”
Ainda segundo com a advogada, sua cliente não fez uso de bebida álcoolica na noite do suposto crime, o que teria facilitado suas lembranças sobre o ocorrido. “Ela deu um depoimento conciso, sem qualquer contradição, e isso é raro. Muitas mulheres sofrem de estresse pós-traumático e esquecem detalhes, se lembram depois, e isso não invalida a verdade. Mas no caso dela, isso não aconteceu. Ela se lembrava de tudo, do início ao fim. Isso, junto à possibilidade de fuga por parte do senhor Alves, que tem uma condição financeira favorável e dupla nacionalidade, foram determinantes para a prisão”.
“Acima do bem e do mal”
A maneira de como o caso se iniciou, com a prisão preventiva de um jogador famoso, faz Ester crer que já será um divisor de águas nesses processos tanto na Espanha como fora dela.
“Independentemente de como acabe o caso, para mim já é um caso exemplar por como começou. Há alguns personagens públicos que se acham acima do bem e do mal, que acham que ninguém nunca acreditaria em uma garota como minha cliente. Há muitas mulheres que não denunciam quando se trata de um personagem público por causa da dificuldade em nível emocional e judicial. Mas acho que neste caso, acabe como acabe —espero que acabe com uma condenação—, a prisão sem fiança já é exemplar.”
Através de sua assessoria de imprensa, Daniel Alves negou qualquer violência contra a jovem, e afirmou que a defesa tem novo prazo até quinta-feira para apresentação de recurso.