Nas últimas horas, uma confusão tomou conta das redes sociais, colocando frente a frente brasileiros e indonésios numa espécie de guerra digital. O motivo? A triste morte da publicitária Juliana Marins, que caiu durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, e acabou não resistindo aos ferimentos. O caso comoveu muita gente aqui no Brasil e, como era de se esperar, sobrou crítica — e muita indignação — contra as autoridades locais.
A situação saiu do controle quando brasileiros invadiram o perfil oficial do presidente indonésio, Prabowo Subianto, cobrando providências e acusando o governo de negligência. Não demorou pra resposta vir. Indonesios se organizaram e foram em peso nos perfis do presidente Lula, devolvendo na mesma moeda.
O que se viu, então, foi uma enxurrada de mensagens atravessadas. Tinha de tudo um pouco: ironia, xingamento, piada, e até comparações que, sinceramente, não faziam muito sentido. Muitos indonésios disseram que o Monte Rinjani não é trilha pra amador, e que quem se arrisca lá tem que saber onde tá pisando.
Um dos comentários que viralizou dizia:
– Senhor, por favor eduque seus cidadãos, eles atacam nosso presidente, não querem ler as notícias e só zoar ou insultar.
Outro comentário, mais ácido ainda, cutucava os brasileiros usando uma tragédia recente daqui:
– Olá, brasileiros. Seus comentários sobre a Indonésia perturbaram seriamente a paz mundial. Existe uma grande tragédia no seu país, porque não cuida? Não seria mais fácil salvar os passageiros do balão de ar quente com um helicóptero?
O caso citado se refere ao acidente em Santa Catarina, quando um balão caiu e causou a morte de oito pessoas, virando manchete nacional. A comparação parece forçada, mas reflete o tom de “olho por olho” que tomou conta das postagens.
Voltando ao caso de Juliana, o drama começou no sábado, dia 21. Ela caiu em um desfiladeiro durante a trilha. Imagens de drone chegaram a flagrar a brasileira com vida, se movendo. A família, num primeiro momento, recebeu a informação de que ela tinha sido localizada e que já estaria recebendo comida e água. Só que isso não era verdade. A notícia foi corrigida depois, mas o estrago emocional já tava feito.
Na segunda-feira, dia 23, o drone voltou a captar imagens do corpo de Juliana, só que dessa vez sem nenhum movimento. A localização exata só foi confirmada na terça, mas a retirada do corpo aconteceu somente na quarta-feira, 25. Tarde demais. Ela já estava sem vida.
A demora no resgate revoltou a família, que acusou a equipe de salvamento indonésia de negligência e falta de preparo. O laudo da autópsia, divulgado na sexta-feira (27), confirmou que Juliana morreu em consequência de múltiplas fraturas e lesões graves. Segundo os médicos, ela não sobreviveu mais de 20 minutos após a queda.
Agora, além da dor pela perda, os parentes e amigos de Juliana ainda têm que lidar com essa guerra virtual desnecessária, cheia de julgamento e nacionalismo exagerado dos dois lados. No fim das contas, uma tragédia real acabou virando combustível pra um barraco nas redes. E quem perde com isso, claro, são os envolvidos de verdade, que só queriam respostas — e talvez um pouco mais de empatia.