Léa Garcia: famosos homenageiam o legado da estrela que se destacou por seu amor e dedicação ao ofício

Celebridades prestam tributo ao legado da artista cuja partida deixou o Brasil emocionado.

Em uma era em que ser atriz significava desafiar as normas da sociedade, ser uma atriz negra era uma demonstração notável de coragem e paixão pelo ofício. Assim se iniciou a notável jornada artística de mais de 70 anos de Léa Garcia, cujo falecimento ocorreu em 15 de agosto, aos 90 anos, devido a um infarto. Curiosamente, o último grande momento da atriz se daria nos palcos do Festival de Cinema de Gramado, onde ela seria honrada com o Troféu Oscarito. Léa já se encontrava na cidade gaúcha quando nos deixou.

“Observamos muitos jovens negros atualmente. Nas telenovelas, percebemos que a presença negra é mais frequente. No entanto, eu acredito que essa representação deveria ser ainda maior, considerando que os negros estão profundamente entrelaçados na sociedade brasileira, embora não sejam retratados de forma adequada na televisão, no teatro ou no cinema. Ao vermos um filme onde apenas pessoas brancas ocupam uma rua inteira, surge a pergunta: ‘O que aconteceu com a diversidade do Brasil?'”, refletia ela, que se transformou em uma das figuras mais influentes para os jovens artistas negros.

No mundo cinematográfico, Léa imprimiu sua marca ao interpretar Serafina no filme Orfeu Negro, lançado em 1959. Essa atuação lhe valeu uma indicação como Melhor Atriz no Festival de Cannes. “Orfeu Negro conquistou diversos prêmios e teve um impacto muito positivo, não apenas para os cineastas, mas também para a juventude negra. Era uma forma digna de ver a representação do negro no cinema”, comentou. Seu talento também brilhava no teatro e na televisão. Destacando-se, temos a novela Escrava Isaura de 1976, onde deu vida à vilã Rosa. “Escrava Isaura é como meu cartão de visitas. Enfrentei muitos desafios ao interpretar cenas maliciosas com Lucélia Santos”, lembrou, mencionando a protagonista da história. Com um extenso currículo, seu trabalho mais recente diante das câmeras foi na série Arcanjo Renegado, do Globoplay, onde interpretou o papel de Laura.

O velório da atriz foi realizado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com profunda emoção por parte de amigos e familiares. Camila Pitanga (46) expressou sua gratidão, afirmando: “Tenho imensa gratidão e desejo honrar essa história e essa força. Muito obrigada, Léa.” Antonio Pitanga (84), pai de Camila, destacou: “Léa iluminou este país. No início da minha carreira, tive a sorte de estabelecer uma amizade com ela, e fui acolhido com muito carinho.”

Poucos meses antes de seu falecimento, Léa deixou sua marca registrada na biografia intitulada “Entre Mira, Serafina, Rosa e Tia Neguita: A Trajetória e o Protagonismo de Léa Garcia”. Marcelo Garcia, filho de Léa, expressou: “Era importante para nós estar aqui, pois nosso objetivo, assim como o dela, era receber este prêmio. Dona Léa deixa um legado imenso. A homenagem que vocês proporcionaram foi em vida, porque Léa está viva, ela continuará viva”, enquanto recebia o prêmio em nome de sua mãe, durante o evento em Gramado.

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Falecida no passado dia 15, a atriz Léa Garcia desempenha papéis distintos em três dos dez episódios da série de antologia intitulada “Vizinhos”, a qual apresenta histórias independentes entre si. Concebida pelos argentinos Mariano Cohn e Gastón Duprat, a produção aborda de maneira humorística as interações entre os residentes de um condomínio.

O grupo principal de atores conta com Natália Lage e Otávio Müller, sob a direção artística de José Belmonte. A cada sexta-feira, são lançados dois episódios inéditos. A temporada completa já se encontra acessível no serviço de streaming Globoplay.