Pagou Mico! Grazi Massafera vira piada após erro grotesco em propaganda com caju

Um comercial estrelado pela renomada atriz Grazi Massafera para a marca de cosméticos L’Occitane au Brésil se tornou o centro das atenções nas redes sociais devido a uma representação incorreta e inusitada do caju. Neste vídeo publicitário, a figura do caju é exibida de maneira completamente errônea, o que causou uma onda de críticas e piadas. No centro da controvérsia, estava a peculiar visão do caju pendurado de cabeça para baixo, com a castanha aparentemente conectada ao galho da árvore. Para quem tem um conhecimento básico de botânica, essa imagem contradizia gravemente a realidade.

A representação inadequada desse pseudofruto – o caju – na campanha de L’Occitane au Brésil deixou muitos espectadores perplexos. Isso ocorreu porque, na natureza, o caju está ligado à árvore de forma bem distinta. Em vez de ser pendurado pela castanha, o caju está fixado à árvore por meio do pedúnculo, uma parte vermelha que compõe a maior parte da massa do pseudofruto, cerca de 90%. Além dessa representação equivocada, houve críticas adicionais à escolha da árvore usada na filmagem, que não correspondia a um cajueiro, algo que não passou despercebido pelos observadores mais atentos, que identificaram discrepâncias nas folhas da árvore.

Como era de se esperar, a campanha publicitária provocou uma onda de críticas e piadas nas redes sociais. Muitos internautas questionaram a falta de pesquisa da empresa ao lançar uma campanha publicitária que envolvia o caju sem entender devidamente o fruto central da linha de produtos. Organizações e entusiastas do caju também se manifestaram, expressando sua esperança de que a empresa reconhecesse o erro e tomasse medidas para corrigi-lo, possivelmente através de campanhas compensatórias. Isso também ressaltou a importância de manter a identidade do caju no setor, especialmente considerando os desafios enfrentados por essa indústria.

A partir desse caso, surge a oportunidade de explorar o cajueiro e seu pseudofruto de forma mais detalhada. O cajueiro, nativo do Brasil, é uma planta notável por produzir o caju, que, na verdade, é considerado um pseudofruto, às vezes chamado de “falso fruto”. O verdadeiro fruto do cajueiro é a castanha, que se desenvolve a partir do ovário da flor. Por outro lado, o pedúnculo, frequentemente confundido como parte do fruto, é uma parte da “carne” do caju e atua como uma espécie de haste que liga o pseudofruto à planta.

Em 2022, o Brasil produziu impressionantes 147 mil toneladas de castanha-de-caju, e o estado do Ceará liderou como o maior produtor, contribuindo com 66% da produção nacional. Piauí e Rio Grande do Norte seguiram como segundo e terceiro maiores produtores de caju no Brasil, respectivamente, com esses três estados respondendo por mais de 90% da colheita no país.

É interessante notar que, embora o Brasil seja o país de origem do caju, não detém mais o título de maior produtor global do fruto, uma honra que atualmente pertence à Costa do Marfim. Durante a era das explorações, os portugueses espalharam o caju para outras colônias na África e na Ásia. Essas regiões agora lideram a produção do fruto globalmente. No ano de 2022, as exportações de castanha-de-caju brasileira geraram um total de 63 milhões de dólares, com os principais destinos sendo os Estados Unidos, Países Baixos e Canadá.

O caju tem um lugar especial na cultura e na culinária brasileira. Além do uso da castanha, o Brasil é conhecido por aproveitar completamente o caju, incluindo o pedúnculo, a parte vermelha do pseudofruto. O pedúnculo é usado na produção de uma bebida popular no Nordeste brasileiro chamada cajuína. Originária das tradições dos povos indígenas, a cajuína é consumida principalmente nos estados do Piauí, Maranhão e Ceará. Para produzi-la, o suco do caju é filtrado várias vezes e fervido em garrafas de vidro até que os açúcares naturais sejam caramelizados, sem a adição de açúcar ou aditivos químicos. Além disso, o bagaço resultante da produção da cajuína é aproveitado na fabricação de geleias e doces.

Este incidente com a campanha publicitária de L’Occitane au Brésil ilustra a necessidade  e a importância de representar de maneira precisa e respeitosa aspectos culturais e botânicos em publicidade e na mídia em geral. Também destaca o significado e a diversidade do caju na cultura brasileira e sua relevância na economia do país e no cenário global da produção de frutas. O caju não é apenas um fruto, mas um componente vital de várias tradições culinárias e culturais, e merece ser apresentado com precisão e respeito.