Pastor detona ato de Bolsonaro e alerta para uso eleitoral da fé

Nos últimos dias, um vídeo publicado nas redes sociais chamou atenção, especialmente entre os evangélicos mais atentos às movimentações políticas. O pastor Daniel Batista, fundador do movimento “Igreja Sem Política”, apareceu fazendo críticas bem firmes — e até ríspidas — ao ato promovido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, marcado pra esse domingo (29), na Avenida Paulista. O evento, que tá sendo organizado com o lema “Justiça Já”, deve reunir líderes religiosos, políticos e a chamada base cristã da direita conservadora. A informação saiu no portal O Fuxico Gospel.

Mas pro pastor Batista, a tal manifestação não tem nada a ver com justiça verdadeira. Segundo ele, é mais uma jogada com foco eleitoral. “Essas convocações de rua visam a eleição do ano que vem. Eles estão trabalhando por poder e influência”, disparou. Ele ainda completou dizendo que o uso da palavra “justiça”, fora do seu sentido bíblico, acaba sendo um tipo de manipulação da fé. “No Evangelho, justiça é sobre redenção, é a justiça de Cristo, não esse uso político e ideológico que tão fazendo”, afirmou com convicção.

O pastor também bateu forte na ideia do que ele chamou de “cristianismo político”, dizendo que isso é uma heresia moderna. Ele acredita que estão usando o nome de Jesus como instrumento de campanha. “Tão cumprindo uma agenda inter-religiosa, tentando juntar católico, evangélico e tudo quanto é grupo com base em causas sociais. Só que estão vendendo a ideia de que a salvação agora vem do Estado, por meio de partidos e candidatos, não mais da cruz”, criticou.

Segundo ele, há uma espécie de nova idolatria disfarçada de fé. Uma fé adaptada pra caber nos discursos de campanha. “Dizem que a Igreja tem que eleger os escolhidos de Deus, mas isso não é evangelho. Isso é manipulação pura”, falou, sem meias palavras. Na visão de Batista, o lema “Justiça Já” é só um exemplo de como a linguagem bíblica tá sendo usada como ferramenta eleitoral.

Vale lembrar que essa crítica não é de hoje. Batista tem sido uma das vozes mais firmes contra a mistura de fé com política partidária. No Instagram, no YouTube e até em grupos de WhatsApp, suas falas vêm ganhando força entre fiéis que se sentem desconfortáveis com a politização crescente nos púlpitos das igrejas.

O movimento criado por ele, chamado “Igreja Sem Política”, tem como objetivo justamente preservar o espaço sagrado das influências partidárias. A ideia é simples: deixar o púlpito livre de palanques. Ou seja, manter a fé num lugar que não se confunda com campanhas eleitorais. Segundo Batista, quando a Igreja começa a flertar com o poder institucional, ela corre o risco de trair sua missão principal, que é anunciar o Evangelho.

Essa discussão, aliás, tá longe de ser nova. Desde as eleições de 2018, o Brasil tem visto um avanço cada vez maior da bancada evangélica e de discursos religiosos misturados com propostas políticas. E agora, com as eleições de 2026 no horizonte, esse embate entre fé e política promete esquentar ainda mais.

O recado de Batista é claro: a Igreja não pode virar palanque. E, goste-se ou não da figura dele, o debate levantado é necessário — principalmente num momento em que muitos usam versículos como slogan e a Bíblia como bandeira de campanha.