O Ministério Público do Paraná (MP-PR) descobriu que o ex-namorado de Isabelly Aparecida Ferreira Moro foi o responsável por mandar a atual namorada atirar soda cáustica contra a jovem em maio, em uma rua de Jacarezinho, no Norte Pioneiro do estado.
Preso por outros crimes, o homem foi identificado em conversas no celular da suspeita, nas quais ele dava ordens para que ela cometesse o ataque. Em áudios, ele chega a mudar o tom de voz após a mulher demonstrar insegurança em relação ao pedido.
Embora sua identidade não tenha sido revelada, ele deverá responder por mais um crime. Os investigadores estão tentando entender o que motivou o detento a ordenar o ataque químico contra sua ex-namorada. Isabelly terminou o relacionamento em janeiro e desde então não mantinha contato com ele.
Caroline Fernandes, delegada responsável pelo caso, revelou à Globo que na conversa encontrada no telefone da suspeita o detento orienta a mulher a usar uma peruca. “Eles conversam sobre o disfarce, sobre a peruca, sobre a roupa, como ela iria se esconder depois que praticasse o crime. Ele exerce uma pressão nela para cometer o crime. Em alguns momentos, ela diz que não vai fazer, chega a recuar na prática do crime, mas ele determina que ela faça”, disse.
A jovem foi socorrida por um homem que estava na rua e levada ao pronto-socorro da cidade. Posteriormente, ela foi transferida para o Hospital Universitário (HU), onde ficou 17 dias internada em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A suspeita foi presa horas depois do ataque e confessou o crime.
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A soda cáustica é um composto químico utilizado principalmente para limpezas pesadas, especialmente de gordura e tubulações, mas também na fabricação de sabões, detergentes e até no setor de alimentos. Recentemente, o químico ganhou destaque após ser usado no ataque a uma mulher em Jacarezinho, no Paraná.
“A soda cáustica é usada em diferentes concentrações, de 4% a 50%, e dependendo desse índice pode causar desde irritações na pele até queimaduras severas”, explica a dermatologista Fernanda Bombonatti.
O que fazer em caso de acidente
Abaixo, listamos as primeiras ações a serem tomadas em caso de intoxicação por soda cáustica:
Se ingerida, a soda cáustica pode causar queimaduras graves e perfurações das mucosas da boca, tecidos do esôfago e estômago, podendo levar à morte da vítima.
“No momento da ingestão, o paciente pode sentir tosse, dor, falta de ar e vômitos,” detalha Bombonatti. A recomendação é oferecer imediatamente uma grande quantidade de água ou leite à vítima.
“É importante levar a pessoa intoxicada ao hospital o mais rápido possível, pois, dependendo da concentração do produto, pode ser necessário entubar o paciente,” explica Bombonatti.
Se o contato ocorrer com a pele, a primeira ação é retirar todas as roupas e lavar o corpo.
“A água dilui a toxicidade da soda cáustica, por isso nos primeiros socorros é essencial lavar bastante a pele, por pelo menos vinte minutos, e nunca usar sabão ou vinagre,” orienta Bombonatti. Segundo a dermatologista, o uso do vinagre causa uma reação química que gera calor e pode piorar a lesão na pele.
A inalação de partículas de soda cáustica pode causar intoxicação e danos às vias respiratórias e aos pulmões. Caso isso ocorra, é importante levar imediatamente a pessoa para um local ventilado e mantê-la em uma posição que facilite a respiração.
O contato com os olhos pode causar queimaduras severas e até cegueira. Nesse caso, é importante enxaguar cuidadosamente os olhos com água corrente por vários minutos. Se a pessoa estiver usando lentes de contato, removê-las antes.
Ao procurar assistência médica, é crucial levar a Ficha de Informação de Segurança para Produtos Químicos (FISPQ), que é obrigatória na embalagem de produtos químicos como tintas, solventes e soda cáustica.
