Por que Faustão precisará de transplante de coração?

Entenda qual é a necessidade do transplante de coração por parte de Faustão e explore os perigos da insuficiência cardíaca, com um olhar mais detalhado de um cardiologista sobre os sintomas, as causas e o tratamento dessa condição.

Após um período de duas semanas de internação na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo (SP), devido a uma insuficiência cardíaca, Fausto Silva agora se encontra na fila de transplante de órgãos do SUS. No entanto, surge a pergunta: Qual é a razão por trás da necessidade de Faustão passar por um transplante cardíaco?

Para encontrar essas respostas, AnaMaria Digital entrevistou o renomado cardiologista João Vicente da Silveira, do Hospital Sírio Libanês, também situado em São Paulo (SP). A conversa busca elucidar os perigos relacionados a essa condição, que afeta aproximadamente 3 milhões de brasileiros, incluindo agora também o apresentador de 73 anos de idade.

De acordo com as informações do especialista, a insuficiência cardíaca ocorre quando o coração perde sua habilidade de desempenhar suas funções essenciais. “O coração desempenha o papel de bombear sangue para todo o corpo. Nos estágios avançados da insuficiência cardíaca, a pessoa experimenta uma exaustão intensa mesmo com o menor esforço”, destaca o profissional.

Além desse estado de exaustão, pessoas com insuficiência cardíaca podem manifestar também outros sintomas relevantes, incluindo:

– Dificuldade respiratória;
– Baixa pressão sanguínea;
– Edema ou inchaço nos membros, especialmente nas mãos e pernas.

“O paciente enfrenta desafios até mesmo nas tarefas cotidianas, como escovar os dentes ou pentear o cabelo. Embora ele possa conseguir realizá-las, a fadiga é pronunciada devido ao acúmulo de líquido na membrana pulmonar, conhecido como derrame pleural”, esclarece o cardiologista João Vicente.

O médico realça também que os principais fatores de risco para a condição de Faustão incluem: obesidade, diabetes, hipertensão e inatividade física. Embora fatores genéticos também possam contribuir bastante para o quadro, esses são menos comuns em comparação com as outras causas predominantes.

Indivíduos com histórico de infarto ainda têm um maior risco de desenvolver insuficiência cardíaca. Ele esclarece: “O infarto é uma situação em que o coração sofre lesões, forma tecido fibroso e seu funcionamento enfraquece. Se o infarto foi extenso, o coração pode ficar consideravelmente debilitado. Se o infarto é menor e o paciente não toma as devidas precauções, isso também agrava a situação.”

O especialista destacou que Fausto Silva se submeteu a duas inserções de stents (dispositivos tubulares que ajudam a restaurar o fluxo sanguíneo nas artérias coronárias) no ano de 2018 – indicando que o apresentador já estava enfrentando a insuficiência coronariana desde essa época.

No entanto, João Vicente enfatiza que não há conexão direta entre a cirurgia bariátrica que Faustão passou no ano de 2009 e suas atuais questões de saúde. “É possível que ele tenha experimentado uma complicação decorrente da cirurgia bariátrica e tenha tido um infarto, mas essa situação é distinta. Não há uma relação causal entre esses eventos”, esclarece o especialista.

Como já foi mencionado previamente, Faustão encontra-se hospitalizado na UTI já há duas semanas. Esse nível de cuidado é necessário quando o paciente não demonstra resposta satisfatória aos medicamentos administrados em ambiente domiciliar. “Existem medicamentos de alta qualidade utilizados globalmente para tratar a insuficiência cardíaca, com resultados notáveis. No entanto, quando o coração se encontra bastante enfraquecido, ele pode não reagir ao tratamento como esperado”, esclarece o especialista.

Nos casos que são considerados ainda mais graves, o procedimento padrão envolve a administração de neurotransmissores através da veia – como adrenalina, noradrenalina e dobutamina – para temporariamente estimular o coração. Posteriormente, o próximo passo seria a implantação de um marca-passo (ressincronizador), juntamente com os medicamentos já em uso.

somente quando nenhum desses tratamentos se mostra eficaz, surge a necessidade do transplante cardíaco. “Durante o período de espera pelo transplante, é possível utilizar um coração artificial, que funciona como uma bomba para sustentar o paciente por cerca de 2 meses enquanto aguarda um doador adequado. Se essa abordagem não surtir efeito, a única opção restante é de fato o transplante”, acrescenta e finaliza o especialista.