Juliana Marins não fez nada de errado, o mundo também é nosso: histórias de mulheres negras viajantes

Histórias Inspiradoras de Mulheres Viajantes: A Coragem de Desbravar o Mundo

Viajar é uma experiência transformadora, uma oportunidade de se conectar com novas culturas, explorar paisagens deslumbrantes e, principalmente, descobrir a si mesmo. Porém, para muitas mulheres, essa jornada é repleta de desafios e preconceitos. O relato de Rebecca Aletheia, uma escritora e guia de viagens, é um exemplo claro disso. Ela compartilha seu descontentamento com a forma como a segurança de mulheres viajantes é frequentemente negligenciada. “Já é difícil para nós viajarmos e, quando isso acontece, somos esquecidas”, desabafa.

Rebecca é uma das vozes de um coletivo chamado Bitonga Travel, que visa empoderar mulheres negras a se aventurarem pelo mundo. São mulheres como Aretha Duarte Freitas, a primeira mulher negra latino-americana a escalar o Everest, que também se une a essa luta. “A sociedade deveria nos proteger”, afirma Aretha, enquanto destaca a importância de ocupar espaços e trilhar novos caminhos.

A Libertação Através da Viagem

Para essas mulheres, viajar não é apenas uma questão de lazer, mas uma forma de reivindicar seus direitos. “Temos o direito de ser livres, de viajar sozinhas, de estar onde quisermos”, afirma Aretha, lembrando que a luta por liberdade vai muito além de uma simples viagem.

As histórias de Aretha, Rebecca e outras mulheres como Áika e Patrícia são testemunhos de coragem e resistência. Elas mostram que, apesar das dificuldades, o desejo de viagem deve prevalecer. Como Aretha diz, “as pessoas negras não estão no Everest não por falta de motivação ou capacidade, mas por falta de oportunidade”.

Desafios e Superações

Aretha, natural da periferia de Campinas, transformou sua vida ao vender mais de 130 toneladas de material reciclado para conseguir financiar sua escalada ao Everest. “Eram cerca de R$ 400 mil de investimento”, explica. Para ela, alcançar o cume dessa montanha não foi apenas uma conquista pessoal, mas uma forma de inspirar outras mulheres. “Quero abrir portas para as próximas”, diz, enquanto guia grupos de mulheres em expedições.

Rebecca, por sua vez, destaca que o racismo estrutural e a desigualdade financeira são barreiras que muitas mulheres enfrentam. “Nós ganhamos menos que o restante da população”, revela, sublinhando que a luta pela igualdade deve ser constante. “Além disso, o racismo estrutural faz com que você não se liberte mentalmente ou se sinta pertencente.”

A Importância da Comunidade

O coletivo de Rebecca, o Bitonga Travel, tem como missão juntar mulheres e criar uma rede de apoio. Com mais de 200 mulheres participando de suas viagens, ela acredita que é fundamental que todas tenham a oportunidade de conhecer o mundo. “Eu quero viver, eu quero conhecer o mundo e esses obstáculos não podem me parar”, afirma.

Patrícia Batista, outra viajante inspiradora, também compartilha sua jornada. Desde que começou a viajar sozinha em 2015, ela se tornou uma nômade digital, rodando o mundo enquanto trabalha. “Eu pertenço ao mundo, e vou ser atravessada pelas coisas boas e ruins dele”, reflete. Para ela, o medo não deve ser um impedimento, mas sim um motivador. “O medo deve impulsionar o preparo, nunca paralisar”, aconselha.

A Viagem como um Direito

Àkila, uma mulher trans que viaja pelo mundo, também traz uma perspectiva importante sobre a inclusão e a aceitação. “Não precisamos só adaptar os nossos sentidos a um ambiente desconhecido, como também, na maioria dos lugares, as pessoas levam um tempo para se adaptar à nossa presença”, explica. Ela destaca que as experiências que viveu a tornaram mais forte e resiliente. “O mundo é nosso”, afirma confiante.

Reflexões Finais

As histórias dessas mulheres são poderosas e inspiradoras. Elas nos mostram que, apesar das adversidades, é possível conquistar nossos sonhos e ocupar espaços que tradicionalmente não foram destinados a nós. Viajar é um ato de coragem, e cada passo dado por essas mulheres é um passo em direção à liberdade e à igualdade.

Se você também se sente inspirado por essas histórias, que tal planejar sua próxima viagem? Não deixe que o medo ou as dificuldades te impeçam. O mundo é vasto e cheio de oportunidades esperando por você!