Em mais uma sexta-feira movimentada no já caótico cenário político do Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apareceu no Rio de Janeiro pra participar do anúncio de um pacote robusto de investimentos da Petrobras. A cerimônia, que aconteceu no começo de julho, foi marcada tanto por falas econômicas quanto por recados políticos, deixando claro que o presidente não quer — ou finge não querer — alimentar a narrativa de crise entre os Poderes.
Durante o evento, a Petrobras revelou um plano ambicioso de R$ 33 bilhões em investimentos voltados pra refinarias e setores petroquímicos só no estado do Rio. Foi nesse contexto que Lula subiu o tom pra tentar colocar panos quentes numa tensão que vinha se arrastando nos bastidores de Brasília.
“Deixa eu falar uma coisa pro Congresso, porque parece que tem uma guerra entre o governo e o Congresso”, disparou Lula, num tom meio professoral. E completou: “Sou muito agradecido à relação que eu tenho com o Congresso Nacional. Até agora, nesses dois anos e meio, o Congresso aprovou 99% das coisas que nós mandamos.” A fala soa como tentativa de acalmar os ânimos, mas quem acompanha o jogo político sabe que a história é um pouco mais complicada.
O clima anda pesado desde que o governo tentou subir o IOF (aquele Imposto sobre Operações Financeiras que pouca gente entende direito, mas todo mundo paga). A medida desagradou uma ala do Congresso, que correu pra barrar o decreto. Em resposta, o STF entrou no meio do bolo e, pelas mãos do ministro Alexandre de Moraes, suspendeu tanto o aumento quanto a reação dos parlamentares. Resultado: um impasse, cada um puxando a corda pro seu lado e Lula tentando fazer de conta que tá tudo bem.
Sinal verde pra 2026?
Mas talvez o trecho mais interessante do discurso tenha sido quando Lula fez uma promessa ousada ao afirmar que pode estar de olho em 2026. “Eles não sabem o que eu tô pensando. Então, se preparem, porque, se tudo estiver como eu tô pensando, esse país vai ter pela primeira vez um presidente eleito quatro vezes.” A frase arrancou aplausos, risos e, claro, manchetes.
Com essa declaração, Lula mandou um recado direto pros seus adversários. Mesmo com críticas vindo da oposição e até de aliados mais ao centro, ele quer mostrar que ainda tem gasolina no tanque. A fala também ajuda a reforçar a imagem de um líder que não se intimida com o desgaste — e já começa a desenhar o próximo capítulo da sua longa trajetória política.
Apoio a Haddad e defesa da própria honestidade
Num outro momento da cerimônia, Lula aproveitou pra defender o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que vem sendo pressionado por setores da política e do mercado. Ele não poupou elogios ao aliado: “Poucos países no mundo. Esse país teve poucos”, disse, meio embolando a frase, mas deixando claro seu apoio.
Como de costume, Lula também fez questão de citar sua trajetória pessoal, com uma pitada de drama: “Às vezes eu pago um preço por ser honesto”, soltou. A fala, com cara de desabafo, pareceu mais uma tentativa de se afastar dos fantasmas do passado — especialmente os escândalos de corrupção que ainda rondam o imaginário popular.