Michelle liga para líder do PL e faz pedido pessoal sobre Bolsonaro

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro resolveu intervir diretamente na rotina política do marido, Jair Bolsonaro. Preocupada com o estado de saúde do ex-presidente, Michelle entrou em contato com o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do partido na Câmara, pra fazer um pedido um tanto delicado: que a bancada bolsonarista evite procurar Bolsonaro durante o mês de julho — mesmo que ele esteja em Brasília, no escritório político do PL.

A orientação, segundo aliados próximos, veio por causa do receio de que Bolsonaro desobedeça às recomendações médicas e acabe indo até a sede do partido pra reuniões ou encontros com parlamentares e apoiadores. O momento, segundo ela, é de descanso — e ponto final.

Sóstenes, que tem boa relação com o casal, atendeu ao apelo. Mandou uma mensagem no grupo de deputados do PL na quarta-feira (2) pedindo que ninguém convide o ex-presidente para compromissos, viagens ou agendas públicas neste mês. O recado foi claro: é hora de Bolsonaro se cuidar.

Situação delicada de saúde

O alerta da ex-primeira-dama não veio do nada. Na terça (2), Bolsonaro passou mal mais uma vez e precisou cancelar uma reunião que teria com alguns parlamentares. Já na quarta, foi submetido a uma endoscopia após relatar crises persistentes de soluços e vômitos.

Segundo o boletim médico, o resultado do exame mostrou que Bolsonaro está com uma esofagite intensa, além de erosões na mucosa do esôfago e um quadro de gastrite moderada. Os sintomas têm sido recorrentes e, conforme ele próprio disse, chegaram ao ponto de atrapalhar até a fala. “Crise de soluços e vômitos tornaram-se constantes, fato que me impedem até de falar”, escreveu o ex-presidente, em nota divulgada em suas redes.

Diante disso, os médicos foram categóricos: repouso absoluto durante todo o mês de julho. Por conta disso, Bolsonaro suspendeu compromissos que estavam previstos em Santa Catarina e Rondônia.

Bolsonaro sumido, mas ainda atento

Apesar de estar afastado das agendas públicas, interlocutores dizem que Bolsonaro segue atento ao cenário político — principalmente às articulações em torno das eleições municipais de outubro. Ele tem usado o tempo de recuperação pra conversar com aliados mais próximos por telefone e acompanhar movimentações nos bastidores.

A preocupação de Michelle, porém, é justamente essa. Segundo pessoas próximas, ela teme que o marido, mesmo debilitado, tente retomar as atividades antes da hora, colocando a saúde em risco. “Ele é teimoso, a gente conhece”, comentou um parlamentar bolsonarista, sob condição de anonimato.

A situação também reacende discussões sobre o desgaste físico e emocional enfrentado por Bolsonaro nos últimos anos, principalmente após deixar a presidência. Desde 2018, quando sofreu a facada durante a campanha, ele já passou por diversas cirurgias e tratamentos — e os problemas gástricos vêm se agravando desde então.

Clima de cautela no PL

No PL, o clima é de cautela. Dirigentes do partido reconhecem que Bolsonaro é uma figura central para a sigla, mas entendem que neste momento, forçar sua presença seria irresponsável. A ordem agora é respeitar o tempo de recuperação.

Alguns aliados, inclusive, defendem que ele aproveite esse período pra refletir sobre sua atuação futura. Enquanto isso, Michelle segue como uma espécie de guardiã — controlando os acessos ao ex-presidente e tentando garantir que ele, de fato, descanse.