Quem é a mulher que morreu enquanto conzinhava

Lamentavelmente, Geisa Sfanini, de 32 anos, faleceu após sofrer queimaduras em 90% do corpo ao utilizar álcool combustível para cozinhar em uma residência em Osasco, na Grande São Paulo.

A notícia foi confirmada por Mônica Teixeira de Oliveira, vizinha de 34 anos e proprietária do espaço que Geisa alugava. Geisa deixa um filho de 8 meses, que também sofreu queimaduras em 18% do corpo. Felizmente, o bebê se recuperou e está vivendo com o pai.

A vítima estava sendo tratada na Unidade de Tratamento de Queimados do Hospital Geral de Vila Penteado, localizado na Zona Norte de São Paulo.

De acordo com Mônica, Geisa enfrentava dificuldades financeiras e não tinha recursos para adquirir gás de cozinha, o que a levou a recorrer ao álcool combustível como alternativa para cozinhar.

“Ela era minha inquilina, mas com o tempo desenvolvemos uma amizade. Como as coisas apertaram, algumas vezes ela se alimentava na minha casa, ou eu mandava comida para ela, leite para o neném. Ajudava em tudo. Ela era uma pessoa incrível, cheia de sonhos e muito vaidosa apesar das dificuldades”.

Geisa Stefanini e seu filho, Lucas Gabriel, residiam em um apartamento composto por um quarto e cozinha, cujo aluguel era subsidiado pela Prefeitura de Osasco por meio de um programa de bolsa aluguel voltado para famílias em situação de vulnerabilidade social.

Ela estava desempregada e sustentava a criança com aproximadamente R$ 375 provenientes do Programa Bolsa Família, do governo federal, além de realizar trabalhos temporários, como vendedora de perfumes, conforme relatos dos vizinhos do local onde o incidente ocorreu.

De acordo com os bombeiros que prestaram socorro à família, não houve explosão nem indícios de incêndio na residência. As queimaduras de segundo grau nas duas vítimas foram causadas pelo fogo gerado pelo etanol.

Durante a inspeção no local, os agentes encontraram dois tijolos e uma grelha sobre o fogão, o que, segundo eles, sugere que Geisa estava tentando cozinhar utilizando outros materiais combustíveis.

Alta no preço do gás de cozinha

Desde o início do ano, o preço médio do botijão de gás para os consumidores aumentou quase 30%, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), passando de R$ 75,29 no final de 2020 para R$ 96,89 na semana passada. Esse aumento é mais de 5 vezes superior à inflação acumulada no mesmo período, que foi de 5,67%.

De acordo com André Braz, economista da FGV, o gás de botijão representa em média 1,3% do orçamento familiar.

No entanto, esse impacto é mais significativo para as famílias de renda mais baixa. Em algumas regiões, os consumidores chegam a desembolsar R$ 135 por um botijão de 13 kg, o que equivale a mais de 10% de um salário mínimo.

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Com o aumento do preço do botijão de gás, que ultrapassa os R$ 100 em algumas localidades, as famílias de baixa renda têm buscado alternativas, como o uso de fogareiros improvisados ou o cozimento com lenha. No entanto, os bombeiros alertam para os riscos de acidentes domésticos ao lidar com combustíveis líquidos, que podem resultar em queimaduras e até explosões.

“Algumas pessoas recorrem ao uso de álcool, etanol ou gasolina para cozinhar, acender o carvão ou a lenha. No entanto, a volatilidade desses combustíveis é alta em temperatura ambiente. Isso cria uma nuvem inflamável de vapor ao redor da fonte de calor, e se houver uma faísca, um cigarro aceso, por exemplo, e alguém entrar nessa nuvem, pode ocorrer uma explosão”, explica o capitão e porta-voz do Corpo de Bombeiros de São Paulo, André Elias.